Clareadores Japoneses – Parte II

1 dez

Há inúmeros ingredientes disponíveis para uniformizar a pele, prevenir manchas e atenuá-las – veja, não digo acabar de vez, porque eu desconheço um produto que tenha um resultado 100% efetivo. Não quero desanimar, mas manchas na pele são para tratar sempre e, principalmente, precaver. Se te consola, celebridades como Débora Block e Julianne Moore seguem um protocolo de controle de manchas há pelo menos uma década, isso inclui o uso diário de filtros solares e inibidores da melanina. Peles do tipo pigmentadas (propensas a ter manchas) devem ter isso em mente como cartilha de cuidados.

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Muitos dos ingredientes que serão descritos aqui você pode encontrar tanto em produtos cosméticos quanto em medicamentos. Pretendendo sempre atualizar este post com novas substâncias e produtos que eu acredite ser interessante comentar.

Sobre essa designação cosmético/ medicamento no Japão ingredientes ativos com ação clareadora são chamados de “quasi drug” – literalmente “quase medicamento”. Seria uma classe de ingrediente que são usados como medicamentos, mas sem a necessidade de ser prescrito por um médico, ou seja, se aqui um medicamento precisa de receita para ser comprado na farmácia, um “quasi drug” não precisa. Porém, para ganhar esta classificação, ele deve ser aprovado e regulamentado pelo Ministério da Saúde Japonês comprovando os seus resultados efetivos e sendo seguro para o consumidor. Desta forma, são comercializados em cosméticos e outros produtos de conveniência. É muito comum você ler essa categoria “quasi drug” rotulado em produtos com agentes “whitening” (vitamina c no Japão é “quasi drug” clareador), embora substâncias “quasi drug” não se restringem apenas a isso: há desde agentes anti-bacterecidas, contra mau odor, etc.

Cabe acrescentar que a hidroquinona, agente despigmentante muito usado no Brasil para o tratamento de hiperpigmentação cutânea, é proibido no Japão – e países da União Européia – tanto em cosméticos quanto em medicamentos. Mas é pertinente acrescentar as seguintes informações:

“Produtos à base de hidroquinona foram proibidos na África do Sul alguns anos atrás onde os problemas mais graves ocorreram. Todavia, produtos com hidroquinona na África do Sul e outros países Africanos foram encontrados também com mercúrio e glicocorticóides, entre outros ingredientes ilegais, considerado por muitos como a causa dos efeitos colaterais graves (…) Outros países, como os da União Européia proibiram a hidroquinona, principalmente com base nestes relatórios, mas sem provas fundamentadas de que, quando adequadamente formulados, a hidroquinona é um ingrediente prejudicial”

Claro que estamos falando do contexto racial, pois produtos “branqueadores” são vendidos de forma ilegal, principalmente no continente africano e na Índia, com o pretexto de mudar a cor natural da pele e sentido totalmente segregatório.

Independente das proibições e não sendo um componente whitening usando no Japão, eu não poderia deixar de escrever sobre ele. Então, abrirei um adendo neste post. 

Hidroquinona:

A hidroquinona é ainda a substância clareadora mais receitada pelos médicos para tratar manchas no Brasil e nos EUA. Aliás, o FDA (agência regulamentadora americana) aprovou o uso deste ingrediente em 82, mas estudou também a sua proibição no país em 2006. Atualmente, a sua prescrição é segura quando usada de forma cosmética (2%) e medicamentosa (4%).

Por que a hidroquinona causa tanta controversa?

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Hidriquinona é metabólico do benzeno muito usado para revelações de filmes fotográficos, porém, há mais de meio século descobriu-se o seu potente efeito despigmentante na pele. Seu grau de atuação é de várias formas: age diretamente nos melanócitos para inibir a síntese de melanina; aumenta a degradação dos melanossomos, cápsulas celulares com melanina; e pode reduzir a ação da tirosinase, enzima que estimula a produção de melanina, em 90%.

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Porém, para ser mais efetiva, deve-se usar em concentrações de 4% (usadas somente em prescrições médicas), o que pode ocorrer reações adversas como irritação cutânea, dermatite de contato, alergias e descamação (ok, mas até retinoides e AHAs podem gerar algumas dessas reações e, principalmente, se a sua pele for reativa a estes ingredientes). Não é de toda a substância mais tolerável na pele, sendo fotorreativa decorrente a exposição solar. Por isso, sua prescrição é mais indicada para tratamento noturno e, mesmo assim, com o uso imprescindível de filtro solar durante o dia – o que para mim é óbvio em se tratando de tratamento para clarear a pele! O seu resultado na pele é superior e eficaz a todos os outros clareadores, o que confere a hidroquinona status de clareador mais potente e eficaz no mercado. Para manchas mais severas, como de melasma, hidroquinona é o que tem melhor resultado comprovado quando receitado em concentrações de 4%.

Há opiniões e estudos adversos com relação a esta substancia, entre os colaterais avaliados do ingrediente são que o uso por tempo indiscriminado pode ocorrer justamente aquilo que se destina a tratar: hiperpigmentação permanente da pele (ocronose exógena) em pouquíssimos casos retratados, citados especifiicamente em peles escuras e uso superiores a 10%. Outros efeitos avaliados em estudos são a hipopigmentação (manchas brancas “em confete” irreversíveis, similares ao vitiligo e acromias), caso semlhantes em usuarios com pele escura, descoloração, vasos capilares (telangiectasias), entre outros.

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Mas o que a torna ainda mais polemica é a possibilidade de hidroquinona ser uma substância com potencial cancerígeno: em estudos in vitro observou-se efeito tóxico sobre as células que contém melanina. Mutações no DNA são relatadas em estudos com ratos, onde foram injetadas em doses e por via oral – mas não avaliação por via tópica -, e ademais, não há comprovação em estudos in vivo em cinqüenta anos de prescrição médica que a hidroquinona tenha causado câncer. Mas são todos baseados em estudos de décadas passadas (80/ 90) e novas revisões sobre o tema ainda confirmam que o uso tópico e acomanhado por um especialista é seguro como tratamento. Sugiro a leitura dos artigos sobre o tema no site Futurederm aqui e aqui.

Nas minhas pesquisas, o que parece mais sensato é usar por períodos de tempo correto. Entre 2 a 4 meses, interrompendo e dando continuidade com outros despigmentantes. Eu poderia citar as opiniões das dermatologista americanas, Cynthia Bailey e Leslie Baumann, a primeira, por exemplo, prefere prescrever produtos com hidroquinona em terapias de 3 a 4 meses, pois não gosta do uso de hidroquinona a longo prazo. A Dra. Baumann segue o mesmo protocolo, pois segundo ela:

“Estudos recentes também têm demonstrado a eficácia dos cremes que contenham hidroquinona em combinação com outros ingredientes. Observando com muita atenção a quantidade de hidroquinona que estamos aplicando e usando-a em ciclos de quatro meses (alternando com outros produtos de clareamento da pele), podemos desfrutar de seus benefícios, minimizando os riscos.”

Usar ou não usar, eis a questão. O certo seria conversar com um médico e analisar a extensão das suas manchas e a indicação do produto. Para mais segurança, prefira a prescrição em ciclos, conforme sugerido pela Dra. Bailley e, dependendo do tipo de mancha, usar hidroquinona em concentrações terapéuticas (1 a 2%, embora resultados mais eficazes são verificados em concentrações de 4%) ou em combinação com outros despigmentantes. O mais usual é a combinação de hidroquinona com tretinoína e corticóide, como sugerida pelo Dr. Kligman, pois está fórmula aumenta a potencia como clareador e reduz a irritação. Os resultados começam a aparecer em 1 mês de uso.

A fórmula Kligman (hidroquinona 5%, tretinoína 0,1%, dexametasona 0,05%) é a mais utilizada até hoje pelos dermatologistas para tratamento de melasmas, lentigos e melanoses. Sendo inicialmente formulada, mas hoje você pode adquirir em versão farmacêutica. Eu prefiro a segunda opção, pois a hidroquinona como é muita fácil de oxidar quando exposta a luz, umidade e ar, o seu armazenamento e manipulação devem ser confiáveis:

“Quando exposta à luz e na presença de oxigênio sofre oxidação, que é a perda de elétrons da molécula, formando-se inicialmente uma quinona de coloração amarelada que se oxida à hidroxiquinona, também de coloração amarelada, a qual polimeriza-se originando produtos de cor marrom escuro. Esta forma, além de não exercer ação despigmentante, torna o aspecto da formulação desagradável.”

Por esta análise, é sugerido a amazenação do produto em frasco metálico e acrescido de antioxidante para manter a conservação do produto constatando que “base não-iônica e a associação dos antioxidantes metabissulfito de sódio a 0,1 % e vitamina E a 0,5 % foi o sistema que se manteve quimicamente estável por maior período de tempo, obtendo um teor de 92,69% da hidroquinona.” Preferível em quantidade para uso limite de dois meses para maior eficácia do produto.

Produtos:

Clareadores com hidroquinona e outros ativo (Fórmula Kligman):

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Triderm – Medley – creme 15 g

0,1% fluocinolona acetonida, hidroquinona 4%,  tretinoina 0,5%

Tri-luma – Galderma – creme 15 g/ 30 g

0,1% fluocinolona acetonida, hidroquinona 4%,  tretinoina 0,5%

Vitacid Plus – Theraskin – 15 g

0,1% fluocinolona acetonida, hidroquinona 4%,  tretinoina 0,5%

Suavicid – Legrand (Genérico) – creme 15g 30 g

0,1% fluocinolona acetonida, hidroquinona 4%,  tretinoina 0,5%

Hidroquinona tópica:

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Clariderm Stiefel – 30 g

Hidroquinona 2% gel creme

Clariderm Clear Complex – 30 g

Hidroquinona 2%, loção.

Claripel– Stiefel – 30 g

Hidroquinona 4% gel creme

– Claquinona – Germed Pharma (Genérico) – 30g

Hidroquinona 4% gel creme

Cleankinol – Legrand (Genérico) – 30 g

Hidroquinona 4% gel creme

Solaquim – Valeant (Genérico) – 30 g

Hidroquinona 4% creme

Outros:

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EpiQuin Micro – SkinMedica – 30 g

Hidroquinona 4%, Vit C (ácido ascórbico), retinol.

Lustra – Taro Pharmaceuticals – 28 g

hidroquinona 4% e ácido glicólico 4% creme

Alustra – Taro Pharmaceuticals – 28 gr

hidroquinona 4% e retinol 0,3% – creme

Agora, se você teme por correr algum risco, pode recorrer a outros ingredientes com finalidades parecidas. Eu continuo confiando na hidroquinona, sabendo utilizá-la de forma correta. Mas como minha pele não sofre de hiperpigmentação, eu usei poucas vezes – três meses por ano – confesso que não gosto do “purgatório” que a minha pele sofre. Tenho predileção por outro fenol – mequinol – e comentarei brevemente.

Mas não conheço uma solução definitiva, mesmo com hidroquinona, porque a despigmentação ocasionada e reversível, assim que se interrompe o uso de um inibidor da síntese de melanina, a função se normaliza. Por isso é preconizante alternar clareadores e filtro solar sempre.

Concluindo, devido aos efeitos adversos e possíveis limitações com o uso de hidroquinona, a industria farmacêutica está sempre pesquisando e buscando novos princípios clareadores. A Shiseido, ainda nos anos 80, descobriu um genérico da hidroquinona – o arbutin – como forma de substituí-la. Mas isso fica para a próxima resenha!

60 Respostas to “Clareadores Japoneses – Parte II”

  1. Mara 23 de abril de 2013 às 23:42 #

    Tenho pele acneica, estou usando trinulox a noite e gostaria de saber se posso usar azelan de dia para acne, pois já usava a noite ( lógico com muuuuuuuito filtro solar), alguém pode me ajudar?

    • Nando Goober 24 de abril de 2013 às 9:04 #

      Até poderia, sua pele fica mt sensível com trinulox? O ideal msm é alternar ácidos em horários diferentes.

    • beatriz 13 de julho de 2013 às 22:11 #

      mara voce conseguiu algum resultado com o tratamento do trinulox para as manchas de acne,pois eu fui na farmácia e a mulher me endico o trinulox so que eu queria saber se ele e bom para tratar de manchas de acne!

  2. Nátalia Sabino 30 de agosto de 2013 às 22:43 #

    Gostei muito da materia.comecei a usar Trinulox será q eh bom?

  3. Lolla 6 de janeiro de 2014 às 23:25 #

    A melhor matéria sobre hidroquinona! Parabéns!

    Olegal é q vc falou dos pontos positivos e negativos…
    das vantagens e riscos.. tem gente q é radical, e fala muito mal..
    eu já fiz uso de hidroquinona, e realmente se vc usar da forma correta não terá problemas!

    • Nando Goober 9 de janeiro de 2014 às 10:35 #

      O ativo Hidroquinona ainda é bem suportada por estudos… vários casos de hipocromia que eu vi são de uso incorreto.. sem prescrição, fototipo inadequado… sem contar o uso para branqueamento da pele..

      abs

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